
O câmbio CVT não apresenta marchas, mas sim polias de diferentes tamanhos. Além das polias, ele conta com uma cinta de aço.
As polias se abrem para que a relação entre elas tenha condições de variar, possibilitando que o motor consiga transferir o seu movimento para o automóvel de maneira linear e com aumento gradual da rotação.
Desse modo, o carro com câmbio CVT não conta com marchas pré-definidas. Por não ter marchas, o motorista não sente as mudanças. Sendo assim, a transmissão sempre está na faixa de aproveitamento máximo do motor, conforme a pressão feita no pedal do acelerador.
Pelo fato dele conferir para o carro um funcionamento suave e mais economia de combustível, o câmbio CVT é o mais recomendado para os motoristas que possuem modelos híbridos.
É interessante lembrar que a dinâmica que atualmente rege o câmbio CVT já era estudada há muito tempo, no século XV, pelo artista e inventor italiano Leonardo Da Vinci.
Da Vinci idealizou o primeiro mecanismo de relações continuamente variáveis para aprimorar veículos movidos a força animal e humana. Entretanto, apenas em 1886 que a Daimler-Benz protocolou uma patente de CVT (sigla em inglês para “transmissão continuamente variável”) com cinto de atrito e roldanas.
No Brasil, o câmbio CVT (que também está presente em scooters) era encontrado em modelos de luxo. Mas se popularizou em meados dos anos 2000, quando a Honda trouxe o item na primeira geração do Fit.
Desde então, as fabricantes japonesas (e a Renault por conta da aliança existente com a Nissan) apostaram forte neste tipo de transmissão.
Apesar de já não ser mais novidade na indústria brasileira, muita gente ainda desconhece seu funcionamento e, principalmente, suas vantagens.
A dirigibilidade em um automóvel com câmbio CVT
Para todos os motoristas, o sistema do câmbio CVT possui os mesmos detalhes de um carro automático comum. Ou seja, ele conta com apenas dois pedais e uma alavanca de câmbio com a definição de ré, ponto morto e outras configurações de uso.
Porém, a experiência de dirigibilidade é outra, pois com o câmbio CVT o motorista não percebe os “engasgos” provocados pela troca de marcha. Isso ocorre porque a transmissão apenas aumenta ou reduz de acordo com a demanda do motor, variando de modo contínuo
O benefício e também a desvantagem do câmbio CVT
Esse tipo de sistema de câmbio proporciona uma série de vantagens para os motoristas. Por outro lado, há também alguns pontos fracos. Entre os benefícios vale mencionar a economia. Ele não consome uma grande quantidade de combustível.
Porém, é sempre importante levar em consideração o fato de que essa economia depende de algumas variáveis, tais como a periodicidade das manutenções no automóvel e o modo como o motorista dirige.
A desvantagem do câmbio CVT é que, caso o óleo não seja trocado de maneira periódica, é possível que os discos sejam atingidos por impurezas e o custo para o conserto é bastante caro.
A manutenção do câmbio CVT
É verdade que o CVT possui um funcionamento mecânico considerado mais simples. Entretanto, isso não é um indício de que mantê-lo sempre funcionando de forma adequada é mais fácil.
O câmbio CVT possui muitos componentes eletrônicos que ajustam sua atividade. Por isso, é fundamental deixar o seu carro nas mãos de mecânicos experientes. Da mesma forma, a manutenção preventiva é a melhor opção quando se trata de câmbio CVT.
Por essa razão, é importante sempre ficar atento ao período correto da troca do fluido do câmbio e do líquido de arrefecimento do motor.
Isso ocorre pelo fato de que esse tipo de câmbio possui polias. Esses componentes são importantes para o funcionamento do câmbio e a atuação delas só é eficiente com o fluido devidamente revisado.
As polias estão em atrito constante e, por causa disso, podem sofrer superaquecimento. Por isso, o líquido de arrefecimento do motor auxilia a manter a temperatura do sistema sempre em um nível adequado.
É importante, no caso da manutenção, você informar ao mecânico número de marchas do veículo. O modelo mais barato, que conta com quatro marchas, é considerado o menos eficiente, portanto ele pode apresentar falhas com mais frequência.
O câmbio de 8 marchas, que é utilizado apenas em carros de luxo, apresenta um desempenho melhor, porém a manutenção se torna mais complexa.
Quais carros tem câmbio CVT hoje no Brasil?
No mercado brasileiro, os carros com câmbio CVT ganharam mais importância por conta do Inovar-Auto, ajudando a reduzir as metas de consumo.
Ele pode ser empregado em diversos tipos de motores e aqui no Brasil vai desde propulsores pequenos e aspirados até turbinados ou híbridos.
Neste último caso, apesar de poucas exceções, é o câmbio preferido nos carros que chegam a ter emissão zero.
Honda
Na marca japonesa, toda a gama de produtos – com exceção do Civic Si Coupe– possui transmissão CVT de fábrica ou opcional. Nos modelos Fit, City e WR-V, esse tipo de câmbio trabalha com o motor 1.5 i-VTEC FlexOne de até 116 cavalos. No HR-V, o motor usado é o 1.8 i-VTEC FlexOne com até 140 cavalos (gasolina). No Civic, os motores usados são o 2.0 i-VTEC FlexOne de até 155 cavalos e o 1.5 VTC Turbo Earth Dream com 174 cavalos (Touring). O mesmo motor com 190 cavalos equipa a nova geração do CR-V, que também tem tração nas quatro rodas.
JAC Motors
Os modelos T40 e T5 são as únicas opções da marca chinesa com câmbio CVT. No primeiro caso, o câmbio trabalha com o novo motor 1.6 DVVT da JAC, que entrega 138 cavalos e 17,1 kgfm. No segundo, o SUV compacto mantém o motor 1.5 JetFlex com até 127 cavalos e 15,7 kgfm.
Lexus
A divisão luxuosa da Toyota emprega do câmbio CVT em seu híbrido CT200h, que é vendido no Brasil com o mesmo sistema empregado no Prius, entregando 99 cavalos no motor 1.8 Dual VVT-i Atkinson e 82 cavalos no motor elétrico. O superluxuoso LS500h também emprega esse tipo de câmbio, mas em conjunto com uma caixa automática de apenas quatro marchas, que funciona intercalando o funcionamento do CVT. A potência combinada chega a 359 cavalos.
Lifan
Outra marca chinesa que aposta no CVT por aqui. O X60 na versão VIP oferece esse tipo de transmissão, que trabalha junto com o motor 1.8 16V de 128 cavalos e 16,8 kgfm. O utilitário esportivo ainda tem opção de câmbio manual de cinco marchas na versão Talent.
Mitsubishi
O ASX tem câmbio CVT Invecs-III, que funciona junto com o motor 2.0 Flex de até 170 cavalos e 23 kgfm. O modelo ainda tem opção de tração AWD. O Lancer compartilha da mesma transmissão, mas seu motor 2.0 é movido apenas por gasolina e entrega 160 cavalos. O Outlander 2.0 também usa CVT com motor a gasolina de 160 cavalos.
Nissan
Nesta marca japonesa, apenas a picape Frontier não tem CVT. Os compactos March e Versa são equipados com motor 1.6 16V de 111 cavalos com 15,1 kgfm nos dois combustíveis. Já o crossover Kicks possui o mesmo motor 1.6, mas com 114 cavalos e 15,5 kgfm. Por fim, o Sentra tem motor 2.0 de 140 cavalos e 20 kgfm.
Renault
Apesar da marca francesa ainda apostar no automatizado a bordo do Sandero Stepway ou no velho automático de quatro marchas no Captur 2.0, ela introduziu recentemente o câmbio CVT para os modelos Duster e Captur. Em ambos, o motor usado é o 1.6 SCe de até 120 cavalos e 16,2 kgfm. Além deles, o Fluence – saindo de cena – tem essa transmissão com motor 2.0 Flex de até 143 cavalos e 20,3 kgfm.
Subaru
Quando se fala em CVT, impossível não esquecer do Lineartronic da Subaru. Agora sem Impreza ou Legacy, a marca japonesa oferece o câmbio de fábrica nos modelos XV e Forester. No primeiro, o motor 2.0 boxer entrega 156 cavalos e 20 kgfm. No SUV nipônico, esse propulsor tem 150 cavalos e 20,2 kgfm. No Forester Turbo, o 2.0 tem 240 cavalos e 35,7 kgfm. Na perua-crossover Outback, o motor é 3.6 boxer com 256 cavalos, mas o mesmo torque do 2.0 Turbo. Todos possuem tração S-AWD.
Toyota
Corolla tem o câmbio CVT Multidrive, que equipa as versões com motor 1.8 Dual VVT-i de até 144 cavalos e 18,6 kgfm, bem como o 2.0 Dual VVT-i com até 153 cavalos e 20,7 kgfm. O híbrido Prius – em geração mais atual que o Lexus CT200h – tem motor 1.8 Dual VVT-i Atkinson com 98 cavalos e 14,2 kgfm, além de motor elétrico com 72 cavalos e 16,6 kgfm. O SUV médio RAV4 tem motor 2.0 Dual VVT-i com 145 cavalos, mas a tração é apenas dianteira.
Futuras opções de carro com câmbio CVT
Como falamos, o CVT está ganhando espaço no Brasil e alguns dos próximos lançamentos trarão essa opção na bagagem. A chinesa Chery promete para muito breve a chegada do sedã Arrizo 5, que deve ser equipado com CVT na versão 1.5 Flex, uma vez que o Tiggo 2 será automático de quatro marchas. Na Honda, a possibilidade é a chegada do Novo Accord 1.5 Turbo de 190 cavalos com CVT. Já o JAC T60 pode ressuscitar o SUV médio da marca chinesa com CVT e motor 2.0 Flex.
Outro asiático que chega em 2019 e com transmissão CVT Direct Shift (com engrenagens curtas para saída) é o Lexus UX, que tem motor Dynamic Force 2.0 com ou sem sistema híbrido. A nova geração do ES, se chegar Hybrid ao Brasil, também terá o CVT Direct Shift. O próximo Corolla deve vir com esse equipamento também, mas o CVT normal já aparece na gama da japonesa com o Yaris 2019. Um SUV chamado X70 deve oferecer mais um CVT na Lifan, sendo ele equipado com motor 2.0.
O crossover Mitsubishi Eclipse Cross chega ao Brasil até agosto, segundo rumores, podendo trazer o mesmo conjunto visto nos Lancer, ASX e Outlander ou motor 1.5 Turbo também com CVT. A Nissan prepara a chegada do X-Trail, que também tem câmbio CVT, mas com motor 2.5 de 182 cavalos. A Renault lançara em breve o motor 1.3 TCe com 163 cavalos e o CVT é candidato a equipa-lo no Captur e talvez Duster. Logan e Sandero também aguardam oportunidade.
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